“(…) pois só como fenômeno estético podem a existência e o mundo justificar-se eternamente (…)”
Friedrich Wilhelm Nietzsche — “O Nascimento da Tragédia”
Ó zeloso guardador da chama, livrai-me
do desfile sem vida da vida desventrada,
do riso e da chaga do mundo supurados;
Governai-me, santo anjo, contra o espírito
que rasteja no eterno reino carnavalesco
do álbum multitudinário das redes sociais;
Regei-me para dizer definitivamente não
ao super-homem comum além do homem comum
desnaturado pela tralha-totem da quitanda tec;
Guardai-me da quermesse dos pregoeiros
da migalha moral, da sabedoria prêt-à-porter,
dos faits divers e do golpe político do dejeto;
Se a ti me confiou a piedade, iluminai-me
para atravessar o fétido vagante que exala
do ser gelatinoso a se decompor em nuvens.
(1) Antônio Siúves, “Moral das Horas e Outros Poemas”, Manduruvá, Belo Horizonte, 2013, pág. 70
[Atualizado em 06/04/2016]