Ainda há uma grande árvore à vista,
Cuja solidão a Lua, não o sol, desvela,
Ao elevar-se plena e deitar à favela
O excesso adiposo que nos conquista.
Tímida, a estrela ao lado tremelicava,
Vi desde minha janela, amargamente,
A fria pulsação ondular até o batente
Contra o vapor de sódio que a sugava.
Sob lençóis de linho me guardava
Da cidade torpe ao redor do asfalto,
Até tornar à vigília em sobressalto;
Num pesadelo na estufa do quarto,
Beijara-me na boca selenita fatal,
Atroz criatura do aquecimento global.