[A menina dos olhos cega
A sedutora noiva onírica
Que me possui suicida.]
Além de Fisterra
Há o mar oceano,
Templo de tempos.
Gaivotas formam
Linhas de ataque
Ao rés dos barcos.
O musgo dourado
Recobre rochas
De puro amor
Sob o farol de Fisterra;
Ao largo, a memória rói
Uma lojinha de souvenir.
Em Fisterra, mira o mar
Um cemitério inabitado:
Só a esperança da morte
Penetra janelões de concreto
E gavetas ocas; ali, entre o pinhal,
Impera o monumento recôndito.
A irmã morta me segue
Nesta espécie de sonho
Que me traz a Fisterra,
Sonho onde mergulho
No véu das ondas de sol
Que a nata do mar tece;
Náufrago, guiam-me amigos
Até o horto em Fisterra.
Salvo, nada guardo do fim
Premente cujo sopro alheio
Atravessa nossos corpos,
Tal ordem de partículas.
Nada se apreende do vigilante
Fim no templo oceano que
Ali se debruça, verdelânguido.
[10/ “21 Poemas”, antonio siúves — 2015]
Vista interior de um dos blocos do cemitério no Cabo Finisterre desenhado pelo arquiteto César Portela – Foto: José Fontán
…and thanks.
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Sim,mas lá não faltam mortos.
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Compadre. Sei que conspurco aqui seu belíssimo poema, mas a ideia do cemitério abandonado remeter-me a Sucupira
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