
Unhas e dentes no salão de beleza
Li no feis esta semana o relato da professora horrorizada com o radicalismo da manicure. No salão da Savassi que a intelectual frequenta, nos modos próprios daquele ambiente, a funcionária pedia cadeia severa para Dilma e Lula. Ó horror”! Ó golpismo onipresente! Deixa eu correr e contar à turma.
Sem querer, a doutora expôs a perspectiva da qual a esquerda encara as revelações da Lava Jato. Embora haja políticos indiciados de uma dezena de partidos, os crentes do lulismo veem perseguição e desequilíbrio no comportamento da Justiça e na cobertura da imprensa ao cuidarem de seus heróis e associados.
A manicure muito provavelmente não cursou uma universidade federal, não pôde se educar devidamente, não aprendeu a se portar numa conversa de salão. Não tem o mesmo estofo da ilustre freguesa. Reage à roubalheira como pode reagir, sem condescendência ideológica. Como cidadã, a jovem trabalhadora tem o direito de se indignar como quiser. Pode-se apostar que ela depende do transporte público e do SUS, ganha uma ninharia e não relativiza o movimento da carceragem de Curitiba.