
Como Mrs. Dalloway, saí para comprar flores.
Como sempre, ando quatro quarteirões até a feirinha atualmente ao lado do Colégio Arnaldo, às sextas.
O movimento é pequeno para uma antevéspera do Dia das Mães. O aperto é geral, penso.
Ainda integro a ínfima freguesia masculina da feirinha.
Ainda desperto curiosidade ao retornar com meu maço de lisiantos, em geral entre mulheres.
BH não é uma cidade dotada de mil praças e jardins e, pena, não tem florista, o pequeno florista do dia a dia.
Saí para comprar flores, como Mrs. Dalloway, a me lembrar dos versos de Drummond em “Tarde de Maio”: “…Eu nada te peço a ti, tarde de maio,/ senão que continues, no tempo e fora dele, irreversível, / sinal de derrota que se vai consumindo a ponto de/ converter-se em sinal de beleza no rosto de alguém/ que, precisamente, volve o rosto e passa… / Outono é a estação em que ocorrem tais crises,/ e em maio, tantas vezes, morremos…”
BH ainda agora era uma cidade mais amável.
[Atualizado às 19h16, com links e um acréscimo.]