Um jornal como a Folha de S.Paulo não pode descambar para o sensacionalismo vergonhoso e vulgar de um tabloide inglês.
Para informar seus leitores, não deveria nunca tomar emprestadas as lentes de aumento distorcidas com as quais os “blogs sujos”, tipicamente, leem dados e fatos sempre pelo mesmo e único viés.
Abri meu navegador a dois minutos atrás e me deparei com a manchete que vai abaixo no alto da capa online do jornal.
A notícia —a suspensão de um cartão de gastos com o qual se abastece o Palácio do Planalto e, portanto, garante as provisões da presidente afastada e de sua equipe— aponta para mais uma trapalhada do governo interino e deve ser destacada e criticada.
Mas um editor consciente não deveria ter disparado a manchete abusiva “Temer corta comida de Dilma no Palácio da Alvorada”, que, no campo simbólico, atribuiu ao presidente o ato arbitrário que se esperaria de um Maduro, o ainda mandatário da Venezuela, ou de um ditador africano.
O fato, em si, é insignificante.
O tropeço do governo Temer já havia sido corrigido na noite de ontem, como informa o texto do Painel, na própria Folha, que aqui também se reproduz.
Faltou à Folha equilíbrio e senso de proporção, virtudes indispensáveis a um grande jornal.