Leio Federico García Lorca sem pressa. Sou um leitor de poesia erradio. Meu pretexto agora para voltar ao poeta é saber que era um dos ídolos de Leonard Cohen. Está no artigo de David Remnick sobre Cohen na The New Yorker que comentei neste jornal e a Piauí deste mês traduz.
Ao pescar nas águas do Spotify fisguei Poetas en Nueva York, álbum lançado há quase 31 anos em homenagem à coletânea de Lorca Poeta en Nueva York. É Cohen quem abre o disco com Take This Waltz, na própria versão em inglês de Huida de Nueva York / Dos valses hacia la civilización. Chico Buarque e Fagner aparecem no LP na faixa La Aurora, em tradução de Ferreira Gullar.
Então retomei minha antologia, organizada por Ernesto Sábato.
Ao bispar o poema Ciudad sin sueño (Nocturno del Brooklyn Bridge), encontrei estes versos, potentes como o upper de Muhammad, que preencheram meu dia:
(…) y el niño que enterraron esta mañana lloraba tanto
que hubo necesidad de llamar a los perros para que callase.
Em português, algo assim:
(…) e o menino que enterraram esta manhã chorava tanto
que foi preciso chamar os cães para fazê-lo calar.
Em inglês, por Bem Bellit e música do inglês Donovan no disco Poetas en Nueva York:
(…) and that boy they buried this morning cried so much
it was necessary to call out the dogs to keep him quiet.