Foto: Clarice Fonseca, 30/11/2013
Quero compartir este abraço, hoje, com o leitor.
Por retratar um instante belo, cheio, exemplar, de vida plena, penso que a força desse abraço, e tudo que ela cobre, conta e congrega, deva ser dividida* com quem também procura, há exato um ano, reconstruir um mundo fraturado.
Não se pode, claro, reparar essa e outras tantas fraturas que desfiguram o mundo e a vida de cada um de nós, ou seja, aquilo que acreditamos (ainda) ser enquanto envelhecemos.
Vamos em frente, por certo, mas, mais e mais, como mina a guardar nos veios apenas sombras da antiga fortuna, cujo valor, tantas vezes, não soubemos aquilatar — o que é bem humano. Mas quero falar de outra coisa.
Como canta Drummond, para sempre, em “Memória”: “Amar o perdido/ deixa confundido este coração. // Nada pode o olvido/ contra o sem sentido/ apelo do não. //As coisas tangíveis / tornam-se insensíveis / à palma da mão. // Mas as coisas findas, / muito mais que lindas, essas ficarão.”
E nesses últimos dias também tenho lido o poeta israelense Yehuda Amichai. Seu “Esquecer Alguém”, diz: “Esquecer alguém é como / esquecer de apagar a luz do quintal/ e deixá-la acesa também de dia: / mas isso é também lembrar / pela luz.”
A luz que se acendeu na tarde de 25 de janeiro de 2018 continua a brilhar, ainda quando, supostamente, a esqueço.
Por ser irmão e ter convivido com Joviano e desfrutado de sua generosidade, inteligência, graça, coragem e sede de justiça, digo, ou melhor, proclamo, como o querido baterista, cantor e compositor Wilson das Neves (1936-2017): — “Ô sorte!”
A todos os herdeiros do imenso legado de amor, humor e esperança de Joviano, aquele abraço!
(*) Para “UsJovis”, “Alpendre de Dona Hilda” (certos grupos no WhatsApp) e amigos de Jov. em toda parte.