
Belo Horizonte, Minas dos Matos Gerais, 18/03/2020
Opa. Tenho bastante a te dizer na próxima carta.
Será um número especial da Jurupoca, um “especial de confinamento” bem fornido!
Era a única alma penada numa sala de shopping no Belo, ontem à tarde, para ver Uma Vida Oculta, cinema de primeira grandeza de Terrence Malick.
Quando assisti a O Oficial e o Espião (J’Accuse), de Roman Polanski, éramos sete as almas, dispersas, álcool gel à mão, diante da telona. Ótima fita. O Caso Dreyfus tem muitas ramificações e bate à nossa porta, agora mesmo, quando tanto se esconjura a “grande mídia”.
Os dois filmes levam a livros, como os de Mark Lilla e José Guilherme Merquior, e ensejam uma boa conversa sobre a atualidade, ainda que uma conversa por vezes abrasadora.
Alivia a leitura de Berta Isla, romance de Javier Marías demarcado pela poesia de T.S. Eliot.
E tudo isso me ajuda a pensar na idiotice da guerra cultural em voga. Acaso ouviu falar em “red money”?
O planeta está parando. Tempo de peste. Não é o fim do mundo, mas pode ser o fim de algumas ilusões. Somos todos iguais nesta noite, ainda que, até nisso, uns sejam mais iguais que os outros.
Talvez estas dez boas notícias sobre a doença, por Ignacio López-Goñi, professor de microbiologia na Universidade de Navarra, Espanha, traduzidas pela BBC Brasil, ajudem alguém a não “panicar”.
Até sexta-feira, nas melhores caixas postais!
P.s.: Recomende a assinatura desta carta a outros confinados.
