
1) A Jurupoca é uma publicação nascida e continuada na zona do desconforto. Sem contas em redes sociais e analfabeta em marketing, rema na contracorrente da hegemonia cultural.
2) Alérgica ao tribalismo ideológico e identitário, herege entre neopuritanos, a Jurupoca é por natureza indiferente às milícias do pensamento.
3) O hebdomadário cultiva as “atividades do espírito enraizadas no silêncio” (George Steiner), como a música, a poesia, a pintura e a literatura.
4) E ainda procura selecionar e comentar fatos e ideias que possam iluminar a vida mental e nosso estar no mundo. É assim que, desde junho último, a JU persevera na zona do desconforto em seu terceiro ano de existência.
5) A edição corrente afirma que a linguagem, deteriorada pela mentira e a brutalidade, é destruída, conforme o filósofo político Renato Lessa, “na dimensão tácita, ou seja, dentro dos limites compartilhados por todos”.
6) No dizer de Lessa, descrevendo o PR, o sujeito que emite a “palavra podre, mais do que algoz da gramática, é inimigo da semântica e da forma de vida a ela associada”. A partir daí, a Jurupoca nota um desdobramento sobre a vitalidade do idioma português-brasileiro e, portanto, um comprometimento na autonomia dos indivíduos no Estado democrático, agravado pela baixa educação média da população brasileira.
7) Ferida na “dimensão tácita”, a linguagem circula num ambiente em que a engenharia das novas tecnologias da informação assumiu poderes para guiar os interesses e desejos humanos, de modo a justapor e separar seres humanos por meio dos famigerados algoritmos.
8) Tais ordenações produzem a imensa riqueza das Big Tech, pois assim opera a pantagruélica máquina publicitária digital.
9) Essas ordenações também influenciam o manejo do idioma e levam a um estreitamento do repertório vocabular. Isso pode ser constatado facilmente nos corretores gramaticais de inteligência artificial em dispositivos como os do Google ou da Microsoft.
10) Esta Tinyletter extra é um CONVITE especial à leitura da edição corrente (# 85), além de um pedido encarecido para que você considere contribuir, com quanto e quando puder, para a continuidade de um ideal.
Muito obrigado!
Antônio Siúves, editor