Muito boas tardes!
A edição da Jurupoca desta semana exalta criticamente (diga-se) os prazeres do vinho e (latu sensu) da manguaça.
Mas que coisa!
O editor se esqueceu de puxar brasa para a sardinha do redator e de seu livro de viagem abaixo propagandeado.
Pois o livro tem um capítulo devotado a tais prazeres dionisíacos.
É o nono capítulo, intitulado Vinhos à parte.
Inclui o tópico abaixo, que vai aqui à guisa de aperitivo, nightcap mas, afinal, como complemento ao presente número da Ju.

Foto do alto: Recipientes de vinho históricos, acervo do museu da Dinastia Vivanco, na Rioja basca, Espanha
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O primeiro drinque do dia
O porto branco seco é um aperitivo divino, assim como um jerez – fino ou manzanilla. Sem deixar de fora as aguardentes do vinho. Grappa (Itália), bagaceira (Portugal), Marc (França), Orujo (Espanha), Rakia (Bálcãs) e boa companhia compõem o fascinante mundo dos espíritos etílicos; mas, por favor, beba com moderação!
O trago, a propósito, é um dos meus ritos de viagem. Sou cafeinólatra, mas gosto de alternar expressos e um copo para me refrescar, brindar ou pontuar minhas andanças literárias comentadas no capítulo seguinte.
A bicada protocolar do primeiro drinque do dia, ou aperitivo, tem longa tradição. Hoje é contraposta pela vida moderna: o excesso de trabalho, as obrigações de toda ordem, a eterna falta de tempo, a obsessão com a saúde.
Sentir que o tempo me falta na viagem parece absurdo. Melhor demarcá-lo, se possível conforme o costume local. O que vai ser? Um fino, um Sambuca, uma Fernet branca, um Porto seco? Algo mais forte, pois está muito frio? Talvez um conhaque, um Marc? Ainda é cedo? Quem sabe um chope, uma pinta de Guinness, um vinhozinho qualquer? Cada cultura tem sua bebida nacional.
Tradicional à rotina de gente maior de idade, o chupito bem dosado suaviza a passagem das horas. A volta completa de um dia de viagem pode incluir o aperitivo antes do almoço, o copo do fim da tarde e, não sendo demais para o leitor comedido, um nightcap antes da cama.
Ressalve-se que no dia a dia do mundo atual tacharão de alcoólatra quem comungar desse simples ritual. Durante a viagem, onde a vida, como a vejo, é mais verdadeira, e, em grande medida, estamos a sonhar, que o trago seja então uma licença poética, se assim se queira dele desfrutar.